Obra e graça de Miguel Graça Moura, o Quarteto Smoog surgiu em Outubro de 1972, numa altura em que os Pop Five Music Incorporated (liderado à época por M.G.M.) dava por encerradas as suas actividades como grupo (nesse ano ainda editaram os 2 últimos singles; “Take Me To The Sun” e “No Time To Live”).
Há quem diga que o nome inicial era nem mais nem menos que o Quarteto de Miguel Graça Moura, mas o certo é que o nome Smoog surgiu naturalmente devido à sua ligação verbal ao sintetizador Moog e o músico ser um dos principais dinamizadores do uso desse aparelho no futuro da música Pop/Rock, (ele próprio fez a apresentação em Portugal do Mini-Moog - Modelo D, em Dezembro de 1972, juntamente com o professor e compositor de música contemporânea portuguesa Filipe Pires).
Da formação original, que iria gravar o único disco do grupo, “Smoogin’”, faziam parte, além de Miguel Graça Moura, Alberto Abreu (viola baixo), Juca Rocha (órgão Hammond) e Manuel Ferreira (bateria). Pouco tempo depois da edição deste single saiu da formação o viola baixo Alberto Abreu sendo substituído por Alberto Jorge. É com esta nova formação que os Smoog fazem a primeira parte do concerto de Freddie King no Coliseu dos Recreios de Lisboa em 1973. Uma ocasião propricia para M.G.M. apresentar a uma vasta plateia o virtuoso sintetizador Moog e que se revelou acertada, já que os Smoog foram entusiasticamente ovacionados nessa noite com direito a 3 encores! Outro facto curioso e também inédito foi a utilização desse espaço cultural, o Coliseu dos Recreios de Lisboa, para um concerto de Blues/Rock, pois, até essa data, era uma sala utilizada para outros eventos fora desse contexto musical.


Mas também o que nos trás aqui é a divulgação destas imagens a preto e branco captadas (ao que sabemos) pelo fotógrafo Pedro Sottomayor, no dia 25 de Julho de 1974 no cinema Estúdio Foco no Porto. Para este Concerto/Exibição do novo Mellotron (comercializado à época pela Casa Ruvina), Miguel Graça Moura apresentou os Smoog com uma nova formação, em que constavam os músicos Paulo Godinho (vocalista/trompete), Alberto Jorge (viola baixo/contrabaixo), António Pinho Vargas (piano/hammond/mini-moog) e Agostinho Henrique (bateria/percussão).
Para quem teve o privilégio de assistir nesse fim-de-tarde/noite, ao espectáculo dos Smoog, ouviu não só os temas registados pelo grupo; “Smoogin’” e “What’s Going On”, mas também composições dos Pop Five Music Incorporated; “Orange”, “Ária-J.S.Bach”, “Adagio–Albinoni”, outros temas como “Adagio do Concierto de Aranjuez-Rodrigo”,  “Take Five” de Paul Desmond, “Ave Maria-Schubert” e em primeira mão o original “Melodia Para Afrodite”. Composição que iria fazer parte do segundo disco dos Smoog mas que nunca veio a acontecer, contudo aparece no primeiro disco a solo de Miguel Graça Moura, “Dez Propostas Para Teclados”. Um álbum todo ele gravado nos Estúdios Kirius em Madrid, com músicos de estúdio locais e com a participação do músico Alberto Jorge dos Smoog.
Voltando ao concerto no cinema Estúdio Foco do Porto, este foi um dos últimos do grupo, que tal como outros artistas nacionais não conotados com a Música de Intervenção, tiveram muitos dos seus espectáculos e festivais cancelados após o 25 de Abril de 1974. Ainda assim os Smoog cumpriram os concertos programados para o final do ano e princípios de 1975 como um trio (Miguel Graça Moura, Alberto Jorge e Álvaro Azevedo). Em 1975 o trio desfez-se e os Smoog ficaram para a história.

 

 

Deixamos para o fim para uma sentida homenagem ao músico Alberto Abreu, primeiro baixista do Quarteto Smoog e do Grupo 5 (aparece na contracapa do single “Smoogin”). Lamentavelmente foi mais uma vitima do Covid-19 no dia 19 de Abril de 2020 aos 75 anos de idade (também ele um infortunado utente num Lar em Oliveira do Douro). A ele vai a nossa palavra de gratidão pelo seu contributo à Música Portuguesa.

 

 

Fotos: Pedro Sottomayor
Texto de: Francisco J. Fonseca
Colaboração de: Alberto Jorge

 

 

  

   
     
Fotografia de grupo horas antes do concerto no Cinema Estúdio Foco do Porto. Da direita para a esquerda; António Pinho Vargas, Paulo Godinho, Agostinho Henrique, Alberto Jorge e Miguel Graça Moura.    

 

   
     
     

 

 

   
     
Fotografia do ensaio horas antes do espectáculo (1ª parte do concerto de Freddie King), no Coliseu de Recreios em Lisboa. Da direita para a esquerda; Miguel Graça Moura, Agostinho Henrique, Alberto Jorge e Juca Rocha.    

 

   
     
   

Fotografia de pose captada na Quinta da Conceição em Leça da Palmeira, com a última formação dos Smoog. Da direita para a esquerda; Alberto Jorge, Álvaro Azevedo e Miguel Graça Moura. Esta imagem e outras tiradas no local, foram utilizadas para o programa televisivo “Pauta Livre”. Um espaço cultural e musical de onze episódios dedicados a grupos e artistas nacionais, realizados à época pela RTP Porto.

 

 

   
     
Capa e contracapa do único disco editado pelos Smoog, “Smoogin”, 1973.    

 

   
     
   

Capa e contracapa do 1º álbum a solo de Miguel Graça Moura, “Dez Propostas Para Teclados”, 1974.
Imagem do fotógrafo Fernando Aroso, captada na Casa Ruvina do Porto. Inclui os registos “Melodia Para Afrodite” e “Adagio do Concierto de Aranjuez”, temas executados ao vivo pelos Smoog.

 

 

   
     

Capa e contracapa do único single editado pelo grupo A Sístole, “Crónica de 1700” / “Tema de Chopin”, 1972.

Um projecto concebido pelo organista e acordeonista algarvio Assis Jones (cujo apelido influenciou o nome do grupo) e do qual faziam parte Juca Rocha e Alberto Jorge (dois futuros músicos do Smoog). Já que falamos uma vez mais de Alberto Jorge, nada melhor que aproveitar o momento e divulgar algo mais sobre o passado deste músico, um passado musicalmente muito interessante e revelador. De facto no início da década de 70 fundou na cidade do Porto um grupo de rock baptizado como os Nirvana (15 anos antes de Kurt Cobain fazer o mesmo em Seattle). Um projecto musical que durou ano e meio e que levou à cena a primeira opereta rock no nosso país. De “Ensaio Rock”, nome original, fizeram-se várias apresentações ao vivo, inclusive num dos espaços mais emblemáticos da cidade, o Teatro Nacional de São João. Um dos participantes nesse espectáculo pioneiro foi do actor Óscar Branco, à época aluno do Liceu Alexandre Herculano e a dar os primeiros passos na arte da representação.