Há quem veja os Orchestral Manoeuvres in the Dark, vulgo OMD para abreviar, como uma banda conotada aos anos 80 e célebre pelo tema “Enola Gay”.
Mas, mais do que isso, os OMD construiram com o tempo uma sólida reputação e uma obra musical digna das suas origens e influências. Projecto de dois jovens universitários, Andy McClusky e Paul Humpreys, que juntamente com outros dois jovens músicos (Martin Cooper e Malcolm Holmes), contactaram Tony Wilson, um produtor também ele visionário, que tinha criado recentemente uma editora independente, a Factory Records. “Electricity” foi a “demo tape” que os jovens apresentaram e que Tony Wilson editou em single em 1978. Embora com vendas superiores a 5 mil unidades, os OMD não convenceram realmente Tony Wilson que os remeteu para a editora DinDisc (subsidiária da Virgin Records). Gravaram então em 1979 o primeiro álbum (que incluía uma nova versão de “Electricity”) que se tornou num êxito, não tanto em Inglaterra, mas mais fora de portas (em Portugal o single foi editado pela Vadeca em 1980 e alcançou o Top Ten nacional (assim como o LP)).
À época havia duas tendências musicais para os novos grupos que surgiam no Reino Unido. Uns que seguiam as influências dos Roxy Music, caso dos Human League, Spandau Ballet e os Duran Duran, e, outros que seguiam as influências dos Kraftwerk, como foi o caso dos Orchestral Manoeuvres in the Dark. Não é pois de estranhar as semelhanças estruturais entre os temas “Telegraph” dos OMD e “The Model” dos Kraftwerk, nem diferenças tão díspares entre os álbuns "Architecture & Morality" / "Dazzle Ships" dos OMD e "Computer World" / "Electric Café" dos Kraftwerk (4 albuns editados nos inícios da década de 80).
Vão ser pois duas noites para recordar os concertos agendados para os dias 15 de Outubro na Aula Magna em Lisboa e 16 na Casa da Música no Porto, concertos esses que celebram os 40 anos dos Orchestral Manoeuvres in the Dark. Para os muitos admiradores portugueses não vão faltar de certeza os velhos hits e os mais recentes êxitos, casos de "Souvenir", "Maid Of Orleans (The Waltz Joan Of Arc)", "(Forever) Live And Die", “We Love You”, "History Of Modern", "If You Leave", "Locomotion", “Walking On The Milky Way” e "Isotype".
Texto: Francisco J. Fonseca